Recalque

 

Muito se tem ouvido falar nas redes sociais e na mídia de uma forma geral, principalmente nas novelas, o termo Recalque. Sendo usado como sinônimo de inveja. No senso comum isso é até de certa forma aceitável. Mas, o problema é quando um profissional da área de saúde, cuja categoria está tentando consolidar seus atendimentos em detrimento de outras categorias, tão dignas quanto essas e que também passam por universidades, cursaram cinco anos, estudando o comportamento humano, e mesmo assim não merecem a consideração como profissionais de saúde por determinada categoria que quer se sobressair sobre as demais e fazer reserva de mercado.

Para os que usam o termo e não o conhecem, segue a descrição do termo, “RECALQUE”, segundo o dicionário de psicanálise.

O recalcamento é um dos destinos possíveis da pulsão, sendo descrito por Roudinesco (1998) como “o processo que visa a manter no inconsciente todas as ideias e representações ligadas às pulsões e cuja realização, produtora de prazer, afetaria o equilíbrio do funcionamento psicológico do indivíduo, transformando-o em fonte de desprazer”.

Freud distingue três tempos constitutivos do recalque: o recalque originário; o recalque propriamente dito, ou recalque a posteriori; e o retorno do recalcado nas formações do inconsciente:

1. O primeiro momento não incidiria sobre a pulsão enquanto tal, de modo que nega à consciência o acesso à representação psíquica das pulsões, que ficariam, assim, fixadas em seus sinais. Segundo Laplanche (1992), dessa forma, fica criado um primeiro núcleo inconsciente funcionando como polo de atração para os elementos a recalcar.

2. O recalque propriamente dito, por sua vez, é um processo duplo, que alia a essa atração uma repulsa por parte de uma instância superior (Laplanche, 1992). Assim, esse recalcamento incide sobre outras ideias ou séries de ideias que estabelecem conexões com a representação pulsional.

3. Por fim, o terceiro momento caracteriza o retorno do recalcado sob a forma de sintomas, sonhos, atos falhos, etc.

Referências:

- Laplanche, J. (1992). Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes.

- Roudinesco, E. (1998). Dicionário de Psicanálise. Rio Janeiro: Jorge Zahar.